PROLONGAMENTO DO PRAZO PARA SUBMISSÃO DE PROPOSTAS ATÉ 31 DE OUTUBRO

 EN | PT 

Keynote Speakers

Image

ARLINDO CALDEIRA


Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é investigador do CHAM (Centro de Humanidades) - FCSH/NOVA - UAç. Além de vários outros livros e de dezenas de artigos em revistas portuguesas e estrangeiras, publicou: Mulheres, sexualidade e casamento em São Tomé e Príncipe. Séculos XV-XVIII, 2ª edição, Lisboa: Cosmos, 1999 (Prémio de investigação D. João de Castro); Escravos e traficantes no Império Português. O comércio negreiro português no Atlântico durante os séculos XV a XIX, Lisboa: Esfera dos Livros, 2013 (ed. italiana: Schiavi e trafficanti attraverso l'Atlantico, Milão: Mimesis Edizioni, 2020); Escravos em Portugal. Das origens ao século XIX, Lisboa: Esfera dos Livros, 2017; O apelo da liberdade. Resistência dos africanos à escravidão nas áreas de influência portuguesa, Lisboa: Casa das Letras, 2024.

TÍTULO: “O tráfico transatlântico e as revoltas de escravizados em navios sob bandeira portuguesa (séculos XVI-XIX)”

RESUMO: Ao considerável número de viagens que, durante três séculos, animaram o tráfico transatlântico de escravizados e às dramáticas condições em que o transporte se realizava não correspondeu, aparentemente, o número de rebeliões a bordo que podia ser expectável. Embora uma das razões para essa estreiteza quantitativa possa ter mais a ver com o nosso desconhecimento, por falta de fontes, do que com a realidade, outros factores estão seguramente na sua origem. A partir de uma análise da situação global, mas centrada, prioritariamente, nos navios sob bandeira portuguesa, discutiremos, nesta comunicação, esses factores, procurando analisar quer as circunstâncias que potenciavam as revoltas quer as formas com que mestres e armadores as tentaram evitar ou as reprimiram in ovo. Para Portugal, o número, que neste momento conhecemos, de rebeliões de escravizados a bordo dos navios de transporte é ainda limitado e com vazios cronológicos quase inexplicáveis. As rebeliões ocorreram tanto em embarcações saídas da ilha de São Tomé como provenientes das costas ocidental e oriental do continente africano. O momento da eclosão, o nível de participação entre o conjunto dos cativos embarcados e o sucesso da acção variaram muito, mas são, todas elas, significativas da atitude dos escravizados perante as sombrias expectativas de futuro e o mundo aterrorizante da coberta dos navios que ficaram conhecidos pelo nome de “tumbeiros”.

Image

ELENA MORÁN


Elena Morán (Madrid, 1967) - Doutora em Pré-história e Arqueologia (Universidade de Sevilha). Investigadora integrada na Uniarq / Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa. Autora de livros, capítulos de obras coletivas e artigos publicados em revistas especializadas em Arqueologia. Desde 2005 é técnica superior do Município de Lagos, Diretora do Museu de Lagos desde 2021 e desde 2022 chefe de divisão da Divisão de Museus e Bens Culturais do Município de Lagos.

TÍTULO: “Memória dos Africanos Escravizados em Lagos"

Image

EMÍLIA DUARTE


Emília Duarte é doutorada em Motricidade Humana, com especialização em Ergonomia pela Universidade Técnica de Lisboa (2011), mestre em Ergonomia na Segurança no Trabalho pela mesma instituição (2006) e licenciada em Design Industrial pelo IADE (1994). Atualmente, é professora catedrática em Design no IADE - Universidade Europeia, onde leciona disciplinas de Ergonomia no Design nos vários ciclos de estudos. É Coordenadora Científica da UNIDCOM/IADE - Unidade de Investigação em Design e Comunicação. Anteriormente coordenou os programas de doutoramento em Design (até 2023) e o mestrado em Design de Interação (até 2019) do IADE. Foi Vice-Reitora para a Investigação e o Desenvolvimento no IADE-U e foi Directora do Departamento de Estudos Pós-Graduados (2014-16). As suas investigações inscrevem-se nos âmbitos do Design de Interacção, Design Emocional, HCI, Interação Humano-Robot, Design de Informação e Ergonomia Cognitiva. Entre os seus interesses encontram-se o Design Social, incluindo problemáticas como Design para a Saúde e Bem-Estar, Design para Mudança Comportamental e Ética no Design. Ao longo da sua carreira tem participado de diversos projetos de investigação, supervisionou seis teses de doutorado (quatro em curso) e mais de trinta teses de mestrado. É autora de mais de 100 publicações em revistas científicas e anais de conferências, e co-editou um livro e sete anais de conferências internacionais.

TÍTULO: "Mais do que missangas: O Design que não queremos ver"

Image

FERNANDO SECOMANDI


Fernando Secomandi is an assistant professor at the Faculty of Industrial Design Engineering, TU Delft, the Netherlands. His research, drawing primarily from the fields of industrial design and philosophy, currently focuses on design’s contribution to social justice through form-giving practices. Fernando also serves as a senior editor of the upcoming journal Designing, an associate editor of the Journal of Human-Technology Relations, and a member of the International Advisory Council of the Design Research Society.

TÍTULO: "Form-giving and servitude: a design perspective on the struggle for recognition"

In this talk, I aim to establish a philosophical basis for critiquing design’s contribution to oppressive relations of servitude. First, I propose an innovative interpretation of Georg W. F. Hegel’s (2018) account of the struggle for recognition, as developed in the so-called master-slave dialectic. In this passage, Hegel shows how a servile consciousness attains a degree of emancipation from coercive relations by recognizing itself in its objectified service for another consciousness, the master. Juxtaposing this text with other passages where Hegel discusses labor in relation to technical invention and the sociality of needs (Hegel, 2023), I argue that his master-slave dialectic also contains an incipient design theory.

Through coerced labor, the slave effectively cultivates a new technical form—transforming natural objects and imbuing them with utility for the benefit of others.

Next, I apply this perspective on form-giving to two cases, examining design’s contribution to persistent relations of servitude from pre-industrial and colonial times to the current post-industrial and neocolonial era. The first case is the chattel slavery labor that powered sugar mills in European colonies in the Americas during the 16th to 18th centuries. The second involves the data work that big tech corporations outsource to the Global South today to fuel artificial intelligence (AI) and related technologies. In both cases, the products resulting from human labor can obscure the oppressions of those who helped give form to them. In the case of sugar, this was already evident to contemporaneous observers at the turn of the 18th century. André João Antonil (2012), who carefully reported on the authority and abuses exercised by masters over their slaves in one of Brazil’s larger mills, noted that the true value of sugar could only be estimated by knowing “what the sweetness of the sugar costs to he who cultivates it.” This bittersweet quality of products forged under oppression reappears in the recent “Open letter to President Biden from tech workers in Kenya” (2024), which highlights how degraded work, amounting to “modern-day slavery,” is utilized to create the safe, sanitized, and user-friendly interfaces of generative AI applications like ChatGPT.

To counter this ideology that upholds human oppression through form-giving, I call for more interdisciplinary research on design philosophy. In particular, recent historical studies of anti-slavery movements led by Black people in the Atlantic world (e.g., Nafafé, 2022) and ethnographic studies of gig workers around the globe (e.g., Bonini & Treré, 2024) can reveal the resistance and agency of oppressed groups in real-world social struggles against dominant designs. Further investigation along these lines could illuminate other emancipatory form-giving practices that eschew oppression by fully recognizing the dignity of another’s work. In so doing, these findings could help refute Hegel’s own apologia for European colonialism and racism (see, e.g., Jaarte, 2024), more specifically, by undermining the notion that domination and coerced labor, while not representing an ideal for human freedom, are nonetheless necessary and relatively justified as a transitory moment.

Image

JOÃO PEDRO MARQUES


João Pedro Marques foi investigador do Instituto de Investigação Científica Tropical, a cujo Conselho Científico presidiu. Doutorado em História pela Universidade Nova de Lisboa, onde, na década de 1990, leccionou a cadeira de História de África, é autor de dezenas de artigos académicos sobre temas de história colonial, e de dez livros, dois dos quais publicados em Nova York e Oxford pela Berghahn Books (The Sounds of Silence. Nineteenth-Century Portugal and the Abolition of the Slave Trade, 2006; e Who Abolished Slavery? A Debate with João Pedro Marques, 2010).

TÍTULO:  "As abolições e os seus dilemas. O caso português"

Image

JOSÉ LUÍS NETO


José Luís Neto é técnico superior da Direção Regional de Cultura dos Açores, onde exerceu o cargo de Diretor do Museu da Horta (2020-2023) e exerceu o cargo de Chefe de Divisão do Património Móvel, Imaterial e Arqueológico (2017-2020). 

Doutorado em arqueologia pós-medieval pela Universidad de Salamanca, mestre em arqueologia por Salamanca, mestre em património e museologia pela Universidade dos Açores, pós-graduado em filosofia pela FLUL e licenciado em História pela FCSH-UNL, é autor de cerca de duas dezenas de livros e conta com mais de meio milhar de artigos publicados nas áreas da arqueologia, história, património cultural e museologia.

Criou e coordenou o Sector de Património e Arqueologia da Divisão de Museus da Câmara Municipal de Setúbal, bem como antes coordenou o Museu de Setúbal/Convento de Jesus. Lecionou diversas cadeiras no âmbito do património na Universidade Moderna – Setúbal e, noutras academias, pontualmente. Foi bolseiro da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. É investigador do Centro de Estudo de Ciências da Arte e do Património – Francisco de Holanda da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

TITULO: “A exposição Os Negros em Portugal. Séculos XV a XIX, no Mosteiro dos Jerónimos, 25 anos depois". 

RESUMO: Uma reflexão acerca da 2.ª exposição mais visitada, organizada pela extinta Comissão dos Descobrimentos, acerca do processo de criação do gorado projeto do Museu do Escravo e do Negro, bem como das alterações da sociedade portuguesa num quarto de século, em que se passou da assunção da escravatura como natural parte do processo histórico, à reivindicação indemnisatória.

Image

STEPHEN LUBKEMANN


As a sociocultural anthropologist, Dr. Lubkemann focuses primarily on social and political change in nations that have experienced protracted conflict and violence; on migrants, refugees, and diasporas; on international development and humanitarian action. 

As an archaeologist, he focuses on cultural heritage and maritime archaeology. He is an associate editor of Anthropological Quarterly, co-founder of the Diaspora Research and Policy Program, and founder of the African Slave Wrecks Project.

He has conducted fieldwork with migrants and refugees in Mozambique, South Africa, Angola, and Liberia, and among diasporas in Portugal and the U.S. He has also worked on a variety of archaeological and cultural heritage projects in the U.S., Bermuda, and southern Africa.

One of his ongoing projects is The Southern African Slave Wrecks and Heritage Route Project, an internationally collaborative maritime archaeology and cultural heritage project supported by the Ford Foundation.